Erosão dos solos: Desenvolver a agrossilvicultura agrossilvicultura no Haiti
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Title |
Erosão dos solos: Desenvolver a agrossilvicultura agrossilvicultura no Haiti
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Creator |
Buteau, Louis
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Description |
Desenvolver a agro-florestação de montanha é lutar contra a erosão dos solos e fazer sair do marasmo a agricultura haitiana. Actualmente, os solos inclinados estão arruinados por técnicas de exploração agrícola inadaptadas, praticadas Desde a independência em 1804, até cerca de 1980, assistiu-se no Haiti a uma luta entre a grande e a pequena propriedade. A evidência fala por si mesma: apenas a pequena propriedade rural sobreviveu e pôde alimentar a população; foi ela que moldou a agricultura haitiana. Mas este modelo começou a mostrar sinais de desgaste no início dos anos 80, e de forma evidente em 1985, com o início dos tumultos que levaram à partida de Jean-Claude Duvalier. Actualmente, em algumas províncias, a superfície média de uma exploração é de 0,32 ha. Entre 1985 e 1989, o peso da agricultura haitiana no produto interno bruto (PIB) baixou 5% ao ano e esta tendência manteve-se de 1990 até hoje. A agricultura representa actualmente 27% do PIB e 7,4% das exportações. Os rendimentos das principais culturas são inferiores aos obtidos por todos os países da região e o Haiti importa quase todos os produtos que consome. Uma das razões desta baixa contínua de rendimento das terras é a erosão que provoca uma diminuição da fertilidade dos solos. E o problema da erosão no Haiti é a miséria, a insegurança no acesso à terra e aos métodos agrícolas inadequados. Toneladas de solo perdidas A agricultura tal como é praticada no Haiti faz-se em detrimento do capital-solo. Quando o agricultor verifica uma baixa de fertilidade na parcela que cultiva, procura outras terras, agrícolas ou não. Esta busca faz-se em detrimento dos recursos naturais do nosso país. Todas as terras arborizadas e as coberturas florestais diminuem devido ao avanço da agricultura e da procura de madeira para lenha. Existem métodos para combater eficazmente a erosão mas não são praticados. Porque, como a agricultura, a luta contra a erosão sofre de falta de investimento e o Haiti tem há quase dois anos um governo de transição que não pode elaborar planos a longo prazo. Se a luta contra a erosão se inscreve no desenvolvimento da agricultura de montanha no Haiti, é porque 63% das terras são montanhosas. Metade da população vive em zona de montanha. Assim, impõe-se uma agricultura de montanha integrada para conciliar a protecção ambiental e desenvolvimento económico. Qual é a quantidade de solo perdida no Haiti? Ninguém sabe. Aquando da ocupação americana, entre 1915 e 1934, foram estabelecidas parcelas de demonstração a fim de quantificar o fenómeno da erosão, particularmente intenso no país. A FAO procedeu da mesma forma nos anos 70. Especialistas em ciências do solo estabeleceram que a natureza leva trinta anos para formar uma camada de terra arável de 25 mm, ou seja 11 t/ha, o mínimo para que o solo permaneça economicamente rentável. Ora, no Haiti estas perdas de solo ultrapassam por vezes 120 t/ha! Pratica-se agricultura em qualquer tipo de solo e declive. Declives de 60% são lavrados. É necessário estabelecer uma tipologia: todas as terras com declives entre 0 e 20% seriam cultivadas sem métodos de conservação dos solos. As terras com declives entre 20% e 50% também seriam cultivadas, mas com técnicas de conservação dos solos drásticas: canais de nível, socalcos agrícolas, culturas em faixas, sebes vivas, etc. Todas as terras com declives superiores a 50% seriam dedicadas à cultura de árvores de fruto e à exploração agro-florestal. Nas planícies ou nas terras com menor declive, sebes de exploração agro-florestal em volta das parcelas permitiriam diversificar as fontes de receitas dos agricultores. Antigamente produzia-se muito café no Haiti. Muito embora a cultura persista, os agricultores, vítimas das cotações mundiais, substituíram o café por outras culturas mais rentáveis, como o feijão e o inhame. Mas estas culturas também são mais erosivas. As culturas frutíferas existentes sofreram com a instabilidade política e com a falta de infra-estruturas rodoviárias: os frutos não chegam a tempo, mesmo ao mercado interno. Uma alternativa para os agricultores Sejamos pragmáticos: sem investigação nem vulgarização, sem ajudas, os agricultores não alterarão as suas práticas. Se não se propuserem alternativas, todas as tentativas serão em vão. São precisos financiamentos bem como um melhor acesso à terra e ao crédito. Os agricultores precisam de uma espécie de subvenção, indispensável para desenvolver a cultura de árvores de fruto ou a exploração agro-florestal. Facilitar o acesso à terra para os agricultores sem lhes dar um pacote tecnológico apropriado é uma meia medida. É fundamental permitir-lhes aprovisionarem-se de factores de produção e de ferramentas agrícolas, diversificar os seus rendimentos apoiando as actividades para-agrícolas e extra-agrícolas como a transformação de frutos, a produção de mel, a pequena criação, o turismo ecológico, desenvolver os meios de armazenagem e melhorar as suas condições, para alcançar o mercado externo tal como o mercado interno. Tudo isto deve-se fazer num quadro macro-económico bem definido, sem ir contra os regulamentos da Organização Mundial do Comércio. É preciso no entanto conseguir igualmente um programa de subvenções para a agricultura. Aqui é que. Desenvolver a agro-florestação de montanha é lutar contra a erosão dos solos e fazer sair do marasmo a agricultura haitiana... |
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Date |
2005
2015-03-30T13:45:02Z 2015-03-30T13:45:02Z |
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Type |
News Item
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Identifier |
Buteau, Louis. 2005. Erosão dos solos: Desenvolver a agrossilvicultura agrossilvicultura no Haiti. Esporo 70. CTA, Wageningen, The Netherlands.
1019-9381 https://hdl.handle.net/10568/64408 |
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Language |
pt
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Relation |
Esporo 70
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Rights |
Copyrighted; all rights reserved
Open Access |
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Publisher |
Technical Centre for Agricultural and Rural Cooperation
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Source |
Esporo
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